sábado, 30 de outubro de 2010

Sabe?

Sabe quando a amizade se desgasta?
Sabe quando o amor se gasta?
Sabe quando já não basta?
Sabe quando a solidão se alastra?
Pois é.

E sabe aquela vontade?
Sabe quando chega a idade?
Sabe o ritmo da cidade?
Sabe a falta de maldade?
Pois é.

E Sabe aquela tristeza?
Sabe o copo lá na mesa?
Sabe o caos na natureza?
Sabe o culto à beleza?
Pois é. É a vida

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Aquilo

Da tua flor me fiz em vida
pois, da igenuidade perdida,
conheci o sabor.

Nas tuas brasis faces coradas,
de respiração entrecortada,
me perdi sem pudor.

E na entrega
quando a gente se apega
à tudo a gente nega
numa felicidade cega.

E no fim,
pairando sobre o clima tenso,
resta um ar intenso
e o ressoar dos clarins...



[Anônimo da Silva]

sábado, 2 de outubro de 2010

Ploc, ploc, ploc

Ploc, ploc, ploc, faziam as barulhentas sandálias coloridas da sra.Ballison. Ela foi até a cozinha pequena e abafada.

Ploc, ploc, ploc, fazia a água caindo da torneira mal-fechada. Fechou a torneira e fez sua xícara de café fumegante e bem forte.

Ploc, ploc, ploc, ela voltava para o seu quarto aconchegante e bem-mobiliado. Tomou seu café. Ploc, ploc, ploc, fazia a janela antiga e rangedora, meio-aberta.

Ploc, ploc, ploc, foi até lá e fechou a janela. Ploc, ploc, ploc, voltou e se sentou. Ligou a TV. Passava um jogo de tênis.

Ploc, ploc, ploc, a bola para lá e para cá. Ploc, ela ouviu a porta da frente fechando. Ploc, ploc, ploc, ouviu passos pesados pelo corredor.

Ploc, a porta se abriu. Um estranho. Apontou-lhe uma arma. Disparou três vezes. Ploc, ploc, ploc, fizeram as cápsulas no carpete velho.

Ploc, ploc, ploc, foi embora com tudo de valioso. Ploc, ploc, ploc...