domingo, 18 de dezembro de 2011

NOVO BLOG

Se alguém que segue isso ainda vir, estou postando em um novo blog, esse que segue:

http://onovocaralegal.blogspot.com/


Por favor, deem uma conferida :)

segunda-feira, 7 de março de 2011

Carnaval

Que beleza, é carnaval. Estou cá, em Copacabana, super-curtindo esse clima carnavalesco; almoço num self-service, compro livros (Ética a Nicômaco, O príncipe, O olho do dragão, Razão e sensibilidade, etc), curto a sesta (sim, sesta, cochilo, não sexta) à tarde e, no início da noite, como um yakisoba e vegeto espontaneamente numa cadeira de encosto reclinável para mofar na internet.

Ao contrário do que vocês podem pensar, sim, estou satisfeito. Concordo que podia estar bem melhor mas, à comparar com minha situação anterior, solto salves e vivas.

Desde o começo do ano me mudei para um alojamento em São José dos Campos, SP, para fazer o terceiro ano do ensino médio; a comida lá é boa mas sempre tem o mesmo gosto não importando o quanto se varie o cardápio, o que me faz questionar o motivo de tais variações; Nos é disponibilizado uma quadra, onde todos vivem jogando futebol, e não gosto de futebol, portanto só jogo algo quando uns perdidos resolvem jogar basquete; há, também, uma mesa de ping-pong, mas é algo que não me apetece; além de que existe sempre uma fila de pessoas esperando para enfrentar o indivíduo de descendência nipônica que, normalmente, monopoliza uns dos lados da mesa.

Logo, além de estudar e jogar basquete de vez em quando, só me restava a leitura; já tinha lido quatro dos cinco livros que levei, e este que me restava tinha cerca de 1.300 páginas, portanto não iria terminá-lo antes do meio do ano, acrescentando-se, claro, o fato de ser de conteúdo mais ou menos completamente desinteressante. Portanto estou extremamente satisfeito com minha condição atual.

Claro que estou entediado (haveria, então, outro motivo para eu postar no blog?); queria estar em minha cidade natal, reencontrar as pessoas que fazem falta, as que não fazem muita e as que eu nem lembro que existem; sinto saudades da orla e do meu skate; sinto falta da vida cômoda que levava em Petrolina.

Bom, chega de lamúrias. Encerro por aqui esse post que é, sem dúvida, completamente inútil, pois falo de mim, e apenas de mim. Quando, se e nem-tão-somente se eu tiver algo não-tão-broxante para postar, o que me fará razoavelmente feliz, ficarei shushpoof' em compartilhar convosco o mais rápido possível; enquanto não, dane-se. Lembranças à família.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Sexo

O que é o sexo?


Sexo é quando o amor transborda.



É as mãos confusas tentando puxar mais do que o corpo
;algo mais, quiçá a alma.


É lamentar não podermos nos fundir completamente ao outro
;e acabar com essa separação carnal.


É o beijo não apetecer e se querer o outro de todo
;querer engolí-lo numa gula infinita.


É quando tudo em volta se torna insignificante
;diante daquele foco de desejo.


É amor demais para tanta roupa
;esse involúcro carnal.


É sexo
;é amor.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Filmes, seriados, seilá...

Bom, primeiramente gostaria de divulgar um Blog: O CinePubCafé. É um blog novo, do qual estou participando, que vai disponibilizar downloads de filmes, com resenhas detalhadas, comentários e resumo. Só vão ser encontrados filmes bons em qualidade técnica, direção, atuação, enredo, essas coisas. Você não vai encontrar "American Pie" lá. Vale uma conferida ;) CinePubCafé

Bom, continuando o post, gostaria de falar sobre Televisão. Não sei se todos tiveram a oportunidade de assistir ao seriado "As Cariocas" que passou na Globo semanas atrás. Resumidamente era um seriado que a cada episódio mostrava uma carioca de cada bairro conhecido do Rio de Janeiro (capital). Foram dez episódios, dez bairros e dez "cariocas":

"A noiva do Catete", "A vingativa do Méier", "A atormentada da Tijuca", "A invejosa de Ipanema", "A internauta da Mangueira", "A adúltera da Urca", "A desenibida do Grajaú", "A iludida de Copacabana", "A suicida da Lapa" e "A traída da barra".

O que me impressionou foi a imagem que o seriado passava das cariocas. Em praticamente todos os episódios a imagem da mulher carioca é depreciada. No final fiquei com a imagem de uma mulher carioca vadia, cheia de cobiça e, nossa, horrível! Se nós, que somos brasileiros, produzimos isso sobre nossas mulheres, porque reclamamos quando alguém fala mal do Brasil? Enfim, pensem mais sobre o que a televisão nos vende...

domingo, 9 de janeiro de 2011

Feira da Fruta

Era uma vez a feira da fruta. Talvez a mesma do Batman, mas isso não vem ao caso. Na feira da fruta haviam, obviamente, frutas. A despeito do nome, haviam legumes e verduras. Tinha peixe também, mas eles são anti-sociais. Tinha de tudo, tudo. E na barraca dos maracujás havia um maracujá chamado Mr. Maracujá. Ele era um maracujá rabugento, afinal todos os maracujás são rabugentos; da mesma forma que as cebolas são melancólicas, as bananas são panacas, as batatas são trouxas, as laranjas são mais panacas que as bananas, os tomates são ingênuos e as beterrabas são meigas e sérias.

Bem na frente da barraca de maracujás ficava uma barraca de beterrabas, que como eu já disse, são meigas e sérias. E o maracujá vivia olhando para as beterrabas, e vivia admirando a Dona Beterraba. A Dona Beterraba já havia dispensado vários Bananas e outras frutas, e o Mr. Maracujá estava hesitante ao pensar em puxar conversar com a Dona Beterraba, principalmente pela distância dos dois. Porém, uma mulher comprou a Dona Beterraba, e o Maracujá se desesperou. Começou a se descabelar; no sentido figurado, afinal maracujás não têm cabelo. Mas de repente aquela mulher veio em sua direção e o pegou na mão. Falou algo com o Dr. Feirante e pôs o Mr.Maracujá em sua sacola. Então, Mr. Maracujá deu de cara com a Dona Beterraba.

Ela parecia meio consternada e ele, apesar de meio rabugento, resolveu puxar conversa:
- Er... Oi. Eu me chamo Mr. Maracujá e, bem, percebi que você está um pouco tensa. O que foi?

Ela hesitou um pouco melancólica, mas disse finalmente:
- É que eu estou assustada. Pra onde irémos?
O Mr. Maracujá, um pouco constrangido, falou muito calmamente:
- Não sei, mas qualquer lugar em que você estiver também será ótimo pra mim...

A Dona Beterraba olhou com olhos brilhantes para o Mr. Maracujá (figurativamente, afinal vegetais não têm olhos) e os dois se sentiram magnificamente apaixonados um pelo outro. Finalmente chegaram na casa da mulher. O Maracujá foi posto numa cesta e ficou histérico ao ver que não seria levado para o mesmo lugar que sua amada raiz.

Ficou se lamentando por um bom tempo. De repente se viu sendo levado por uma mão. Foi levado até um balcão e lá encontrou, finalmente sua amada Beterraba. Resumindo a história, foi feito um suco dos dois, e aí nunca mais se separaram. FIM!









Obs.: Tudo isso supostamente aconteceu no período de um dia, afinal frutas não tem uma vida útil muito grande após colhidas.

sábado, 8 de janeiro de 2011

O querer

Súbito me tenho querendo contar
logo a você, o que eu não contaria
nem mesmo à brisa mais leve do ar,
nem mesmo ao sol que no céu se avia.

Esse rubor que quase me fere
quanto penso em contar a ti
meu desejo que à ti se refere,
tão grande qual nunca vi!

Sinto mas vou lhe contar:
quero-te em minha cama,
quero-te tal quem ama,
quero-te para amar...


Dedico-a a Srta. B, que ao ler saberá que a é...

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Whatever... Capítulo Final

Julia estava meio enjoada. Esparramada no sofá, só de calcinha, era realmente algo lindo de se ver. Anna estava sentada na poltrona ao lado, tomando um capuccino e comendo um croissant; estava esperando Julia melhorar para elas terem a conversa tão esperada. Julia respirou profundamente e perguntou:
- O que aconteceu, de verdade, lá?
Anna estava tensa. Hesitou por um tempo, mas achou melhor falar logo:
- Bom, fiz por um tempo o trabalho daquele empresa lá que me contratou, mas acabei enchendo o saco daquilo. Larguei o trampo. Comecei a vadiar, pois já tinha ganhado um bom dinheiro com o trabalho. Ia à festas, e tal, bebia, me drogava, fazia sexo, enfim, era feliz. Eu tava uma porra-loka lá. Fiquei com muita vergonha daquilo, por isso nunca quis que você soubesse.

Julia estava quieta, pensativa. Anna prosseguiu:
-Foram tantas festas, tanta droga, acabei arrumando problema com uns traficantes de lá. Eles raparam minha casa. Tive que fugir e me esconder por um bom tempo, até conseguir dinheiro e voltar. Trabalhei como stripper num bar imundo e escuro, mas finalmente, depois de um bom tempo, consegui o dinheiro necessário pra vir pra cá. E, bem, um velho tarado gostou de mim. Queria me pagar cinco mil "pila" só pra irmos pra casa dele e fazermos um pouco do velho "entra-sai-entra-sai". Bom, ele teve um ataque no meio do nosso "negócio"; juro que não tive nada haver com isso. Aproveitei que ele não iria usar mais as coisas mesmo, rapei a casa, consegui levantar uma boa grana e, bem, cá estou.

Julia estava cansada e seus pensamentos não estavam muito claros.
- Você não acha que isso parece mais enredo de filme?

Anna suspirou. Novamente hesitava em falar.
- Olha, eu sei que parece absurdo, mas é a verdade. Bom, era só isso que eu queria te dizer. Espero que você ainda me ame do jeito que eu te amo...

Julia ficou pensativa. De repente, num sobressalto, com os olhos arregalados, puxou os cabelos e falou:

- Putaquepariu! A boate! Caralho, eu saí sem avisar nada a ninguém e nem voltei... Caaaara, que merda! Vou pegar um metrô pra ver se falo com o chefe! Que porra...

Levantou-se rapidamente e começou a caçar as roupas e colocá-las enquanto se dirigia à porta. Abriu-a e de repente sentiu uma mão puxando seu pulso, logicamente a de Anna. Virou-se assustada e agitada, e não estava preparada para o beijo. Os lábios vieram macios e quentes, desejosos, com sede de amor. Ela perdeu o fôlego. Anna agarrou-a forte e lançou na parede, com uma nova investida. Mãos frenéticas, os corpos juntos, realmente algo lindo. Finalmente elas se separaram. Olharam-se angustiadas. Anna quebrou o silêncio:
- Eu te amo. Não se esqueça disso. Me perdoe por tudo, tudo.
Julia estava sem palavras. Recuou um pouco desorientada e desceu escada abaixo. Anna entrou, trancou a porta e foi para o sofá. Se jogou nele e suspirou. De certa forma estava feliz. Comeu o resto da comida, tomou o resto do café e foi na geladeira buscar algo doce. Enquanto isso, Julia corria freneticamente para chegar à boate. Às coisas, porém, não correram muito bem depois daí.

Duas horas depois dessa despedida Anna ligou a TV, enquanto preparava o seu almoço, e começou a ver o noticiário. O âncora falava algo sobre um atropelamento, e ela mal prestava atenção. Só começou a dar ouvidos quando viu que o acidente havia ocorrido perto de onde morava. As palavras do âncora começaram a pesar dentro dela:
- A avenida parou hoje diante de um atropelamento. A vítima era uma jovem chamada Julia Domarco que, segundo as testemunhas, ignorou o sinal aberto e tentou atravessar. A jovem Foi levada ao hospital, mas faleceu a caminho. Veja agora o resultado do campeonato...

Anna não acreditou no que ouvia. Seu coração produzia um martelar surdo que doía. As lágrimas vieram e não pararam. Ela caiu de joelhos no chão e se cortou com a faca, sem querer. Mas parcia nem sentir. A dor por dentro era bem pior...

domingo, 26 de dezembro de 2010

Whatever... Capítulo 5

( Impróprio para menores de 18 anos )


[Esse conto possui linguagem chula, descrições de sexo explícito e alusão ao uso de drogas lícitas. Se acha o conteúdo ofensivo, não prossiga na leitura]


Julia acordou com o sol forte na cara. Estava com dor de cabeça, provavelmente por culpa das duas garrafas de vodka e outras tantas de cerveja. E dos cigarros, que normalmente não fumava e que na noite passada passou de uma carteira. Mal lembrava o que havia acontecido. Olhou ao redor e não reconheceu muito bem. Era um apartamento Espaçoso. Estava cheio de caixas espalhadas por todos os lados; parecia que alguém havia acabado de se mudar para lá.

Fechou os olhos e tentou ignorar a dor de cabeça para ver se se lembrava de algo. Repassou os fatos: Estava no Myths trabalhando, Anna apareceu, elas foram pro beco, brigaram, se beijaram, fizeram sexo no carro e tal. Anna saiu com ela no carro, foram até uma boate que, pelo que lembrava, não era muito longe do apartamento em que estava agora, e beberam, fumaram, dançaram, se pegaram, depois foram pro carro e fizeram sexo e foram pro recém-adquirido apartamento de Anna e fizeram mais sexo. O resto ela não lembrava, mas tinha certeza que envolvia mais sexo, mais bebida e mais cigarros. Bom, pelo menos agora lembrava aonde estava.

Abriu os olhos novamente (incomodada pelo sol) e olhou em volta novamente. Estava na sala, deitada num sofá (muito confortável, por sinal) e só de calcinha, com os seios brancos (e bonitos, diga-se de passagem) à mostra. Não via nem pista de Anna. Sentou-se e pôs a cabeça entre as mãos; maldita dor de cabeça. Ficou um tempo daquelo jeito, tentando não se mexer muito. Suas roupas estavam jogadas num canto da sala, suas botas toda enlameadas sujando o piso. Garrafas de bebida, bitucas e duas carteiras vazias de cigarro no chão.

Levantou-se e se espreguiçou. Foi desbravar aquele ambiente novo. Achou a cozinha, cheia de caixas também. Ficou se perguntando como é que Anna tinha conseguido aquilo tudo se tinha dito à ela que tinha sido roubada e etecetera, mas resolveu deixar isso pra depois. Saiu procurando até achar um banheiro - era um apartamento grande. Olhou-se no espelho e não ficou muito contente com o que viu. A ressaca deixava marcas perceptíveis. Lavou o rosto; apoiou-se na pia e suspirou. De repente ouviu barulho de chaves e uma porta se abrindo; foi até a sala. Era Anna, com alguns pacotes nas mãos:
- Bom, trouxe o café da manhã e aspirinas. Acho que você vai precisar.
Anna parecia não ter sido afetada pela ressaca.
- Cara, você bebeu demais ontem à noite. Tem noção do quanto? Fiquei com medo que você entrasse em coma alcóolico. Além de todos aqueles cigarros... Gosta de croissant? Só tinha isso na padaria da esquina.
Anna lhe estendeu o pão e ela, vagarosamente, apanhou. Deu uma mordida sem-graça. Anna lhe estendeu uma garrafa de suco de laranja e as aspirinas. Julia suspirou. Tomou as aspirinas, bebeu o suco, terminou o croissant e deitou-se novamente no sofá. Algo lhe dizia que ela havia feito merda...

sábado, 25 de dezembro de 2010

Whatever... Capítulo 4

( Impróprio para menores de 18 anos )


[Esse conto possui linguagem chula, descrições de sexo explícito e alusão ao uso de drogas lícitas. Se acha o conteúdo ofensivo, não prossiga na leitura]



Elas pareciam nem perceber que estava chovendo. Anna jogou Julia contra a parede e começou a beijá-la apaixonadamente; estavam tirando o atraso de quase quatro anos. Anna puxava-a para perto e mordia sua orelha, chupava seu pescoço e apalpava seus seios por cima da camisa já encharcada. Julia ofegava prazerosamente; pôs a mão para dentro da calça de Anna e começou a acariciá-la. Elas não estavam nem aí que estivessem num lugar público. Nem pareciam pensar nisso. A saudade, o libído contido, tudo isso explodindo ao mesmo tempo, elas só queriam saciar de vez aquela vontade.

Anna afastou-se bruscamente. Olhou intensamente para Julia, pegou seu pulso e começou a andar rápido. Chegaram numa esquina pouco movimentada e Anna a levava na direção de um sedã estacionado ali. Abriu o carro e jogou Julia para dentro, no banco de trás. Entrou também e fechou a porta. Julia se jogou em cima dela e começou a beijá-la loucamente. Apalpava os seios e acariciava-a por dentro da calça. Anna, então, tirou sua blusa e seu sutiã. Abriu o short de Julia e começou a acariciá-la por cima da calcinha. As duas ofegavam de prazer. Anna jogou-a no banco e tirou sua calcinha. Foi lambendo sua coxa até chegar... Bem, até chegar lá. Lambia e chupava avidamente. Julia gemia baixo, tentando se segurar. Se agarrava com força no encosto do banco, já estava com os nós dos dedos brancos.

Julia então puxou Anna para cima e beijou ardentemente. Abriu a calça dela e retribuiu o que ela havia feito. Depois encostou seu corpo junto ao dela e começou a se esfregar, as duas ofegando, uma no ouvido da outra. Uma poucas palavras vinham de vez em quando, e proferidas naquela voz orgástica davam ainda mais prazer. Carícias, gemidos, beijos e enfim, estavam as duas ali, exaustas no banco de trás do carro, abraçadas. A chuva havia parado. Elas olhavam vagamente para o nada. Tentavam não estragar aquele momento.

Whatever... Capítulo 3

( Impróprio para menores de 18 anos )


[Esse conto possui linguagem chula, descrições de sexo explícito e alusão ao uso de drogas lícitas. Se acha o conteúdo ofensivo, não prossiga na leitura]



Não sei se já havia citado, mas Julia parecia-se muito com um anjo. Era de uma beleza idescritível e tinha um ar majestoso. Parecia quase um pecado fazer verter lágrimas daqueles olhos que pareciam guardar, simultaneamente, toda a pureza e a malícia do universo. Mas a dor parecia acentuar aquela beleza. Parecia impossível não querer consolar aquela figura. E para Anna não foi diferente. Ela abraçou Julia e começou a se desculpar:
- Me desculpa! Eu não pretendia. Desculpa, desculpa...
Obviamente as desculpas não eram só pelo tapa. Julia soluçava forte. Parecia que estava descarregando o que havia acumulado por todo esse tempo.

Julia era uma mulher muito difícil de se fazer chorar. Tinha vinte e um anos, e desde os dezesseis não chorava, fruto de um amadurecimento súbito, suponhamos. Não natural, mas necessário. Os seus pais, religiosos fervorosos, descobriram, quando ela estava perto de completar quinze anos, que ela se sentia atraída por outras garotas. Foi o inferno na terra, para ela. Não havia um dia em que eles não fizessem um sermão. E o pecado se acumulou quando eles descobriram que ela havia tatuado a virilha. Foi esporro encima de esporro. Ela não aguentou. Juntou suas coisas, pegou todo o dinheiro que conseguiu achar pela casa e, aos dezesseis anos, saiu daquele purgatório. Foi um alívio e um sufoco ao mesmo tempo.

Ela sempre imaginou que conseguiria se virar, e de certa forma foi um pouco mais fácil do que seria pra maioria das pessoas. Julia sempre foi muito habilidosa e plástica, se adaptando facilmente a qualquer coisa. Mas foi bem mais complicado do que ela imaginava. Mas conseguiu.

Ela estava um pouco mais calma nos braços de Anna. Começou a chuviscar e o tempo esfriou ainda mais. Anna abraçou ela mais fortemente. Julia se sentia como uma criança novamente, e, apesar de tudo, estava feliz por Anna estar ali. Claro que não admitiria isso. Ela olhou para cima e seus olhos se encontraram com os da ruiva. Foi por pouco mais de um segundo, mas pareceu uma eternidade.

Foi um momento tenso. Um momento tenso e intenso. Os rostos se aproximaram e os lábios, naturalmente, se selaram. A chuva caía mais forte. As duas se abraçavam fortemente e se beijavam. Parecia que o universo parava para ver aquela cena. Se o mundo acabasse naquele momento, poderia se dizer que conseguiu-se o amor verdadeiro. Mas o mundo não acabou.