sábado, 25 de dezembro de 2010

Whatever... Capítulo 3

( Impróprio para menores de 18 anos )


[Esse conto possui linguagem chula, descrições de sexo explícito e alusão ao uso de drogas lícitas. Se acha o conteúdo ofensivo, não prossiga na leitura]



Não sei se já havia citado, mas Julia parecia-se muito com um anjo. Era de uma beleza idescritível e tinha um ar majestoso. Parecia quase um pecado fazer verter lágrimas daqueles olhos que pareciam guardar, simultaneamente, toda a pureza e a malícia do universo. Mas a dor parecia acentuar aquela beleza. Parecia impossível não querer consolar aquela figura. E para Anna não foi diferente. Ela abraçou Julia e começou a se desculpar:
- Me desculpa! Eu não pretendia. Desculpa, desculpa...
Obviamente as desculpas não eram só pelo tapa. Julia soluçava forte. Parecia que estava descarregando o que havia acumulado por todo esse tempo.

Julia era uma mulher muito difícil de se fazer chorar. Tinha vinte e um anos, e desde os dezesseis não chorava, fruto de um amadurecimento súbito, suponhamos. Não natural, mas necessário. Os seus pais, religiosos fervorosos, descobriram, quando ela estava perto de completar quinze anos, que ela se sentia atraída por outras garotas. Foi o inferno na terra, para ela. Não havia um dia em que eles não fizessem um sermão. E o pecado se acumulou quando eles descobriram que ela havia tatuado a virilha. Foi esporro encima de esporro. Ela não aguentou. Juntou suas coisas, pegou todo o dinheiro que conseguiu achar pela casa e, aos dezesseis anos, saiu daquele purgatório. Foi um alívio e um sufoco ao mesmo tempo.

Ela sempre imaginou que conseguiria se virar, e de certa forma foi um pouco mais fácil do que seria pra maioria das pessoas. Julia sempre foi muito habilidosa e plástica, se adaptando facilmente a qualquer coisa. Mas foi bem mais complicado do que ela imaginava. Mas conseguiu.

Ela estava um pouco mais calma nos braços de Anna. Começou a chuviscar e o tempo esfriou ainda mais. Anna abraçou ela mais fortemente. Julia se sentia como uma criança novamente, e, apesar de tudo, estava feliz por Anna estar ali. Claro que não admitiria isso. Ela olhou para cima e seus olhos se encontraram com os da ruiva. Foi por pouco mais de um segundo, mas pareceu uma eternidade.

Foi um momento tenso. Um momento tenso e intenso. Os rostos se aproximaram e os lábios, naturalmente, se selaram. A chuva caía mais forte. As duas se abraçavam fortemente e se beijavam. Parecia que o universo parava para ver aquela cena. Se o mundo acabasse naquele momento, poderia se dizer que conseguiu-se o amor verdadeiro. Mas o mundo não acabou.

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